sexta-feira, janeiro 06, 2017

[Resenha] Dartana - André Vianco

Dartana

Autor: André Vianco
Fabrica 231
784 páginas


Sinopse: Dartana conta a história de Jeliath e Dabbynne, dois jovens que lutam para salvar seu mundo da “maldição do pensamento”. Em Dartana as pessoas não conseguem guardar conhecimento, as gerações vão sucedendo sem poder se desenvolver intelectualmente. Se aprendem a fazer um cercado, quando adormecem, a experiência se apaga, condenando-os a uma existência miserável e sombria. Para que isso mude, os jovens de toda Dartana precisam partir atrás de seu deus de guerra para o Combatheon, o mundo onde os deuses de vários planetas que sofrem do mesmo mal se enfrentam com o objetivo singular de libertar suas terras das garras da ignorância e somente o último deus vivo no Combatheon quebrará a maldição em sua terra natal.
Uma vez no Combatheon os exércitos se dividem em três classes de combatentes; guerreiros, feiticeiras e construtores e nenhuma dessas classes conseguirá sobreviver sem ajuda da outra. Jeliath torna-se um construtor de Dartana enquanto Dabbynne será uma das feiticeiras mais importantes no confronto que se aproxima.
Para que seus exércitos se saiam bem em suas batalhas e para que seus construtores produzam as melhores armas possíveis, os deuses de guerra no Combatheon precisam se conectar aos olhos que possuem aqui na Terra. Os avatares terrenos dos deuses em conflito têm então suas mentes ocupadas pelo desejo de saber sobre as armas de combate e suas vidas são transformadas. Qualquer um pode ser escolhido, qualquer um, até mesmo uma criança.
Dartana é novo livro de André Vianco e, como em qualquer história do autor, momentos de pura emoção e aventura estão prontos, esperando por seus olhos e por sua imaginação.

A grande maioria deve saber que André Vianco é um dos autores mais consagrados do país, suas histórias vampirescas tomaram fama e conquistaram vários fãs. No entanto, até o momento eu não tinha dado uma chance ao autor, sempre tive o receio de não me adaptar a escrita dele, aquele sentimento que se pegasse um de seus livros iria demorar uma eternidade para ler. Foi o que aconteceu com Dartana, tentei durante dois meses engrenar a leitura. As primeiras 200 páginas foi um sofrimento para me conectar com os personagens e ações da obra, até que tudo melhorou. Ainda assim, tenho muitas ressalvas a fazer, além de elogios claro.

Imagine um universo em que para se obter o dom do conhecimento povos de diversos planetas precisem lutar em uma guerra insana uns contra os outros, seguindo um Deus gigante que precisa levá-los a vitória e apenas um dentre muitos se consagrará vencedor. Para acompanhar esta história conhecemos o povo de Dartana, Há muitos anos o povo desse planeta vem tendo fé em cada um dos Deuses que nascem no Hangar, acreditando que a vitória e o conhecimento finalmente viria, mas sempre perdendo as esperanças quando os pensamentos lógicos não se manifestavam. Desta vez é hora de seguir Belenus, um gigante com brilho dourado e determinado a ganhar essa guerra, seguindo com o povo de Dartana para o Combatheon. 

Entre soldados, feiticeiras e construtores que o acompanham nessa guerra conhecemos alguns personagens específicos. Mander é o comandante do exercito, seu objetivo é vencer essa guerra para salvar os filhos de uma misteriosa doença. Jeliath é um jovem pastor de yatas que tem uma inclinação a invenções, ele será o construtor de Dartana. Parten e Thaidena são soldados, ela uma jovem cheia de coragem e ele o soldado apaixonado e covarde que só parte atrás do exercito por causa de sua amada, e por último temos Dabbyne, o interesse amoroso de Jeliath, que ascende e se torna uma das feiticeira a seguir o Deus Belenus. Ainda para completar o ciclo temos os avatares dos deuses, seres de outros planetas que já lutaram e venceram (mesmo que não tenham recordações e nem histórias sobre isso) e que tem o dom do conhecimento, a eles é dado a tarefa de servir de olhos para que os deuses em guerra descubram armas para ganhar a luta.
"Essas três classes de guerreiros é que tornavam a marcha possível, cada equipe cumprindo seu papel no campo de batalha, servindo ao glorioso deus da guerra que lutaria até a morte para defender a terra e libertar o povo em troca da adoração de um mundo inteiro aos seus feitos, e, esses guerreiros, que marchariam a seu lado, seriam chamados de sua legião, de campeões, e teriam a honra de existir para todo o sempre ao lado do grande deus de Dartana."
Em resumo Dartana é isso, e em um primeiro momento, lendo sinopse e vendo a edição maravilhosa que a Editora Rocco preparou eu estava bastante curiosa com a leitura, mas essa empolgação minguou logo nos primeiros capítulos. Apesar disso, a dúvida sobre a verdade, a questão da fé cega  dos personagens em algo que não há provas de ser real é algo que motiva o leitor. Nos instiga a ir em frente e descobrir se há mesmo algo mais e como esse algo mais acontece. Mas como previsto não consegui me conectar com a escrita de Vianco, o autor se estende demais e acaba soando repetitivo. Porém em um certo ponto, apesar de isso não mudar completamente, a história ganha um novo rumo e começa a mexer com a curiosidade do leitor novamente. O que dá gás a narrativa é a adição de novos personagens, novos povos que combatem nesta Guerra.
"Muitos mundos eram cobertos por esse véu mágico, que impedia que suas mentes evoluíssem, e que somente por meio do bater de espadas e do derramamento de sangue um exército teria o direito de livrar seu mundo desse horror de nada saber ao cruzar o portão da vitória e, da próxima vez que isso acontecesse, seria o deus da guerra de Dartana e seus soldados, feiticeiras e construtores que livraria para sempre sua terra natal da ignorância."
Algo interessante neste ponto é que Vianco distribui a narração, nos colocando a par das estratégias e intenções dos adversários de Dartana, não ficamos presos em apenas um ponto de vista e isto amplia a visão que temos da trama. O problema é que eu não consegui me conectar com nenhum dos personagens, talvez apenas Mander, ele sim era visceral, sua ânsia de vencer e salvar os filhos, a forma como ele instiga seus companheiros mesmo quando tudo aponta para o fracasso, tudo isso faz dele um personagem sensacional.

Outro ponto que não posso deixar de abordar é o talento de Vianco em narrar os confrontos, as estratégias e a forma como é perfeitamente possível visualizar o que ele propõe nessas cenas é uma das melhores partes da trama. Contudo, enquanto isso acontece ele alterna ação com o que eu chamo de repetitividade. Incluindo os sentimentos e pensamento extensos nesses momentos ele acaba quebrando o clima e tornando a narrativa cansativa.  Contudo, se levarmos em conta que os personagens possuem mentes que estão em uma evolução absurda devido a condição de estarem no combatheon isso se torna compreensível. É claramente possível ver como o pensamento dos personagens evoluem através dessa tática, mas eu preferia que deixasse o lado pessoal de cada um para outro momento.

O fim da narrativa é inesperado e durante alguns momentos acontecem coisas realmente surpreendentes. Infelizmente seria muito possível enxugar e muito essa história. Dartana é um livro imenso, com um potencial incrível, mas que acaba não cativando por se tornar maçante e repetitivo. Os pontos positivos não suprem a curiosidade do leitor. Em relação a edição, como já disse, está sensacional, revisão e diagramação muito bem trabalhadas. No mais, eu recomendo, se você tiver tempo e paciência para ler devagar e absorver a narrativa, eu infelizmente não tive nenhum dos dois.

Um comentário:

  1. Oi, Ju!!!

    Achei a história muito boa mesmo. Muito inteligente. Mas também não fiquei cativada só que culpo isso aos personagens. Você não cria empatia com eles. Os relacionamentos que Vianco cria não são reais. Pelo menos não senti isso.
    Mas a ideia da história é fantástica. Adorei mesmo.

    Bjs!!!

    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

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